quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Criacionismo, Evolucionismo e Evolucionismo Teísta: Algumas Considerações sobre suas Cosmovisões, suas Implicações e seus Perigos

Introdução
Uma pesquisa feita no ano de 2010, pelo instituto Datafolha e publicado na Folha de São Paulo, indica que uma quantidade expressiva de brasileiros acredita na evolução e, ao mesmo tempo, creem na existência de Deus. A pesquisa diz que 59% dos entrevistados acreditam que o ser humano é resultado de uma evolução guiada por Deus e outros 8% não acreditam na interferência divina. Por mais incrível que isto pareça a qualquer cristão um pouco mais atento às escrituras, essa ideia não é nova, até o Papa João Paulo II proclamou em uma entrevista ao jornal Chicago Tribune que “a evolução é mais do que uma hipótese”. No meio evangélico, um dos defensores do evolucionismo teísta foi John Stott (1921-2011). Existem alguns relatos que certos judeus não faziam leitura literal da criação na Torá.
Assim, não é estranho que essa ideia tenha chegado aos arraiais evangélicos de nosso país, mesmo que a noção de que Deus criou o universo tenha sido ensinada desde criança, fazendo parte do conjunto de ensinamentos mais básicos da fé cristã. Assim como a queda e o pecado original e o sacrifício de Cristo, a literalidade da criação descrita em Genesis capítulo 1. Por tanto, a cosmovisão cristã assume, em seus pressupostos, que crer na evolução é um verdadeiro ‘tiro no pé’ e no que se refere ao debate das origens, tudo é uma questão de qual cosmovisão nós temos.
Este artigo consiste em explicar de maneira simples e sucinta cada maneira de pensar e expor argumentos seus argumentos no que tange a fé cristã.
 O que é criacionismo
O criacionismo é a crença em que o universo foi criado, por uma mente inteligente, de maneira pronta, funcionai e em perfeito acabamento. O criacionismo contudo pode ainda ter vertentes de cunho científico, onde são expostas evidências cientificas que apontam para a criação,  de cunho religioso, onde uma religião explica a origem da vida a partir de alguma cosmogonia, de cunho bíblico, onde a cosmovisão está baseada na Bíblia, tornando-a seu padrão final.
Este ultimo, faz a leitura da ciência de acordo com os óculos da cosmovisão cristã, crendo que um Deus todo poderoso (Mt 19.26), onisciente (Cl 2.3) e triuno (Is 45.5; Jo 8.18) criou o universo em seis dias comuns (Ex 20.11), somente a milhares (e não bilhões) de anos atrás, terminando sua obra no sétimo dia (Gn 2.2).
O que é evolucionismo
De acordo com o site Wikipédia, “evolução, no ramo da biologia, é a mudança das características hereditárias de uma população de uma geração para outra. Este processo faz com que as populações de organismos mudem e se diversifiquem ao longo do tempo”. Na prática, os evolucionistas tem suas raízes no naturalismo (a natureza é tudo o que existe de fato) e no empirismo (tudo o que se conhece é adquirido pela observação). Tais aspectos fazem um resumo da cosmovisão evolucionista, que ainda crê na bilionária idade do universo, que se originou nobig bang e teve seu desenvolvimento no esfriamento de toda a energia liberada nesse evento, formando galáxias e repletas de estrelas, sendo que essas ultimas deram origem a alguns dos planetas. O sistema solar que vivemos teria uma idade de 4,5 bilhões de anos, ou seja, nesse mesmo contexto na nossa Terra recém formada, certos elementos químicos inorgânicos deram origem, por meio de processos naturais, ao primeiro ser orgânico com capacidade de se reproduzir, as sucessivas reproduções com alguns erros de ‘cópia’, produziram variação. Algumas das variações que foram benéficas a vida desses seres foram passadas as gerações futura, constituindo em nossa época, a grande variedade na natureza. Nesse processo, não há a necessidade se que evocar Deus (ou um deus) na explicação da origem da vida.
Que fique claro que existem vários outros detalhes não citados e várias correntes de pensamentos dentro do evolucionismo, este resumo é um esboço do que a maioria dos evolucionistas creem.
 O que é evolucionismo teísta
Ainda segundo o Wikipédia, evolucionismo teísta, ou evolução teísta  é uma ideia filosófica, surgida a partir de criacionistas que buscam conciliar a ideia de Deus e a teoria da evolução. Creem que a vida surgiu tal qual o evolucionismo neodarwinista descreve, que o universo foi formado tal qual a teoria do big bang afirma, contudo todo esse processo foi guiado por Deus. Digamos, seria um terreno neutro, mas constituem um grupo que não é bem aceito por nenhum dos dois lados do debate das origens.
 As cosmovisões
Como nos exemplos citados acima, não é difícil que cientistas com a mesma formação, diante de uma mesma evidência cientifica, cheguem a conclusões diferentes sobre o significado dessa evidência. Isto se deve ao fato da cosmovisão que cada um deles tem. Cosmovisão é como as lentes de um óculos e assim como quem usa lentes amarelas, verá o mundo amarelado, quem usa as lentes do evolucionismo verá de acordo como tal, assim como os que aderem à cosmovisão cristã, verão o mundo de uma perspectiva. Como bem sabemos, o mundo não é de fato como um todo amarelo, assim como também não há evolução por toda parte – A cosmovisão afeta nossa forma de ver o mundo. A correção da visão de mundo irá nos mostrar que crer na evolução, na criação ou no evolucionismo teísta não depende da natureza das evidências encontradas, mas como as interpretamos, de forma que o debate das origens é em parte resolvido no âmbito da visão de mundo adotada.
Uma cosmovisão correta nos previne do erro de enxergar a questão da criação com conclusões equivocadas tal qual uma pessoa de óculos coloridos enxerga cores distintas das cores reais. Assim, pode-se concluir que qualquer leitura de mundo feita por nós seres humanos ocorre não pela natureza do evento em questão, mas pela cosmovisão arraigada ao ser humano que fez a leitura. Criacionistas possuem pressupostos filosóficos em seus pensamentos, mas evolucionistas também, assim o pensamento de ambos não é puramente científico, é influenciado por sua cosmovisão.
 O evolucionismo e seu fracasso
                Como é conhecido de muitos, o evolucionismo tem seus perigos à fé cristã pelo fato de que muitas vezes tem iludido os jovens estudantes ou calouros universitários a ideia fatalista de que o mundo foi criado ao acaso, assim como todas as coisas tem ocorrido ao longo da história. Vejamos alguns exemplos onde o evolucionismo peca, tornando-o cientificamente pouco provável:
  • O pensamento naturalista vem historicamente tentando provar que a vida surgiu ao acaso, uma das primeiras ideias chamada geração espontânea foi derrubada por Louis Pasteur, mostrando que nenhum organismo orgânico surgiu sem ter um tipo de “pai” (ou mãe, como queiram).
  • Os experimentos do dr. Stanley Miller e dr. Sidney Fox, que projetaram um aparelho de pyrex contendo metano, amônia, e vapor d’água, mas sem oxigênio. Por essa mistura eles passaram descargas elétricas para simular choques de relâmpagos na tentativa de recriar a vida tal qual sugera a biologia. Os resultado foram inconclusivos por vários aspectos.
Sobre isto opinam dois importantes cientistas:
O admirável cientista Dr. Wilder-Smith, com três doutorados e muito bem informado sobre biologia moderna e bioquímica, dando opinião sobre a formação do DNA a a partir de processos naturais:
“Como um cientista, eu estou convencido de que a pura química de uma célula não é suficiente para explicar o funcionamento de uma célula, embora o funcionamento seja químico. As operações químicas das células são controladas por informações que não residem nos átomos e moléculas da célula.
Há um autor que transcende o material e a matéria de que esses filamentos são feitos. O autor primeiramente concebeu a informação necessária para fazer uma célula, então a escreveu e depois a fixou em um mecanismo que a lesse e pusesse em prática – assim as células constroem-se sozinhas a partir da informação…”
O famoso pesquisador Sir Fred Hoyle afirmou que supor que a primeira célula tenha se originado pelo acaso é como acreditar que:
“um tornado varrendo um ferro-velho possa montar um Boeing 747 a partir dos materiais presentes ali.”
E ainda: 
“A noção de que… o programa operando em uma célula viva possa ter surgido pelo acaso em uma sopa primordial aqui na Terra é evidentemente uma falta de senso do maior grau.”
                Estes são apenas alguns dos vários argumentos com os quais podemos pelo menos começar a entender que algumas evidências mostram o evolucionismo como um fracasso, tanto dentro de sua própria cosmovisão naturalista-empirista, quando, obviamente de uma perspectiva bíblica.
 O perigo do evolucionismo teísta
A ideia da intervenção de Deus no processo da evolução surgiu no meio criacionista, Contudo a visão que se oferece como mais perigosa, é justamente aquela que tenta conciliar dois pensamentos que não fazem parte de uma mesma cosmovisão: o evolucionismo teísta. Ela constitui, como dito acima, uma tentativa de ser neutro e conciliar a cosmovisão bíblica cristã a cosmovisão naturalista-empirista.
Em uma análise mais acurada, vemos que uma abordagem como esta que tenta unificar duas cosmovisões distintas não pode funcionar, pois é por definição mais falha que cada uma das linhas de pensamento separadas, e logicamente não é bíblica. Nenhum texto na Bíblia de maneira alguma dá base para se defender isto. É Logicamente capcioso e fundamentalmente falho, pois cada uma das cosmovisões envolvidas nessa conciliação admite ser o modo correto de interpretar as evidências que a natureza oferece, fornecendo assim uma interpretação diferente das cosmovisões criacionista e evolucionista.
Desse modo, se uma interpretação neutra não é verdadeira, por que alguém deveria confiar nela? E como uma cosmovisão falha pode conduzir para uma cosmovisão correta? Se a interpretação neutra for verdadeira, então as cosmovisões que a compõem são por consequência lógica, erradas! Se observarmos isso de maneira calma, nenhumas das três seriam corretas dessa forma.
O perigo dessa visão é que ela conduz a um distanciamento da verdade ainda mais profundo, pois é uma forma alternativa de causar o mesmo efeito de cegueira do evolucionismo. Ela não somente reúne adeptos da religião ou cientistas, ela alista para si uma tropa de cosmovisão ainda mais confusa e difícil de se lidar, pois além dos pressupostos de filosofia naturalista, tem uma carga de teologia feita a partir de interpretações alegóricas da Bíblia.
A conclusão é obvia: Não há como conciliar o evolucionismo com a crença em Deus. Essa visão é tola do ponto de vista criacionista, é inaceitável do ponto de vista evolucionista e acima de tudo, é antibíblica.
 Felipe Medeiros

Comentários
1 Comentários

1 comentários:

  1. O senhor Felipe se equivoca sobre a evolução natural, e eis alguns exemplos de tal equívoco:
    1. A evolução não corrobora nem depende da abiogênese. Relacionar, portanto, a diversificação das formas de vida com o surgimento da vida é errado.
    2. A evolução não depende do pensamento naturalista. O máximo que se pode afirmar é que o supernaturalismo é desnecessário para os mecanismos básicos da evolução (seleção natural e diversificação filogenética).
    3. Os experimentos de Miller-Urey e similares não tinham como objetivo criar vida, e sim verificar se compostos orgânicos que parecem ser a base da vida (celular) podem se formar naturalmente num ambiente semelhante ao teorizado para a Terra de 3 bilhões de anos atrás. Nesse sentido, todos os experimentos tiveram sucesso.

    O senhor também esqueceu-se de mencionar que a evolução é bem diferente do criacionismo como ciência: enquanto a evolução é uma teoria, ou seja, um conjunto de hipóteses corroborado por todas as evidências disponíveis e contrariado por nenhuma (a não ser por apologética), o criacionismo é uma hipótese baseada em religião, com nenhuma evidência que o corrobore e várias que o contradizem. O criacionismo não existe em publicações científicas porque não passa pela mais básica revisão por pares, existindo somente na literatura popular e em escolas religiosas.

    Em um ponto, porém, o senhor está correto: o evolucionismo é irreconciliável com a crença no deus cristão. Isso porque, estando o evolucionismo correto, não é possível dizer que houve um primeiro homem (Homo Sapiens), e portanto não pode ter havido pecado original -- sem pecado original não há salvação, portanto o "sacrifício" de Jesus se torna irrelevante. Também não é possível conciliar a evolução com uma alma e/ou espírito exclusivamente presente no homem, portanto com uma vida eterna que não se aplique também a todos os seres vivos.

    O que não ficou claro para mim é: se o cristão deve acreditar em Jeová/Jesus e rejeitar a evolução, a evolução não deve ser ensinada nas escolas como a única explicação viável para a biodiversidade? Se a evolução e a crença no deus cristão não são conciliáveis, os achados relacionados à evolução como vacinas, transplantes e antibióticos devem ser abandonados por cristãos? Se a Bíblia deve ser interpretada como literal (já que é a interpretação literal que dá origem ao criacionismo), cristãos doentes devem somente procurar serem curados através da oração (Tiago 5:14-15)?

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