quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Hebreus, a Reforma, e o Séc. XXI

Venho meditando há um bom tempo na carta aos Hebreus. E mais uma vez, ao ler as sagradas escrituras vejo que mesmo sendo escrita há tanto tempo atrás, ela ainda nos alcança e traz advertências sérias as nossas práticas hoje. Isso se deve a dois detalhes muitos importantes. O primeiro é que nada é novidade, como já disse o Rei Salomão: “O que foi tornará a ser, o que foi feito se fará novamente; não há nada novo debaixo do sol.” Eclesiastes 1:9. E o segundo é que tudo que nós conhecemos e vemos vai passar, mas a palavra de Deus permanecerá para sempre. Nas palavras do próprio Cristo: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão.” Lucas 21:33. A muitos outros motivos pelos quais a palavra de Deus fala para nós hoje, mas vou me ater a estes dois.

O livro de Hebreus foi escrito cerca de 70 anos após a morte e ressurreição de Cristo. Este período foi marcado por uma terrível perseguição aos Cristãos por parte do império Romano, que não aceitava o Cristianismo como religião, apenas o judaísmo. 

Mediante a este cenário, muitos Cristãos estavam enfraquecendo na fé. Visto que muitos deles não foram testemunhas oculares de Jesus e sua ressurreição. Eles acreditavam nos testemunhos de uma minoria que ainda estava viva.

Os Cristãos estavam abandonando o Cristianismo e voltando as velhas práticas judaicas.

O autor de Hebreus (não se sabe ao certo quem foi) escreveu esta carta, para encorajar os Cristãos a permanecer em Cristo. O apóstolo durante todo seu escrito mostra toda a riqueza da vida e do ministério de Cristo, como sua superioridade a todas as coisas existentes. Ele queria mostrar que Cristo é imensamente superior ao Judaísmo. Nas palavras de Stuart Olyott: “Afastar-se de Cristo é afastar-se de algo imenso para algo menor – muito, muito menor. É afastar-se do ser mais glorioso que há em direção a algo comum. É dar as costas ao esplendor da glória de Deus para andar nas trevas exteriores.”

No período da Idade média (séculos V a IX), a igreja proporcionou o que foi chamado de idade das trevas. Onde a igreja era o estado, e como tal reprimia todo e qualquer desenvolvimento cientifico, intelectual, e artístico, se tais conhecimentos não fossem aprovados pela a instituição chamada igreja católica. Se observarmos as obras artísticas, e cientificas, todas eram relacionadas a questões religiosas. Esse período foi marcado pela forte repressão religiosa da igreja, onde somente o clero poderia interpretar as escrituras, e somente eles tinham acesso a tal.

Essa época foi marcada por fortes distorções doutrinárias, e éticas vindas da própria igreja. Suas convicções eram fundamentadas pela tradição, e as escrituras não tinha sua autoridade dentro da igreja. A instituição se colocava como mediadora entre Deus e os homens. Chegando a vender terrenos no céu (as famosas indulgências.), e colocando o Papa como cabeça da igreja e substituto de Cristo. Qualquer pessoa que se opusesse a tais “verdades” era levada a julgamento pela inquisição, e muitas vezes condenados a morte.

Diante deste cenário Deus levantou grandes homens para batalhar pelas verdades bíblicas, e trazer a verdade à tona. Entre eles estavam Lutero, Calvino, Zwinglio e etc. Estes homens lutaram para romper com os falsos ensinos da igreja católica. Entre os quais eu queria destacar 5 deles, e como o livro de Hebreus os ajudou os reformadores a combaterem tais ensinos:

1. A igreja é a mediadora entre Deus e os homens.

2. A tradição e o papado tem tanta autoridade quanto as escrituras.

3. O Papa é o substituto de Cristo como cabeça da igreja.

4. Padres são sacerdotes a quem devemos nos confessar e ter nossos pecados perdoados.

5. A salvação vem pelo sacrifício de Cristo, mas juntamente com isto tem de vir o dízimo, as penitências e a participação em atividades eclesiásticas. Somente o sacrifico não salva.


No Séc. XXI a principal afronta ao Cristianismo não vem da Igreja católica, visto que tal já foi identificada como herética. E há uma separação entre as igrejas protestante e católica. Mas o maior inimigo, ao meu ver, do cristianismo nos nossos dias é um movimento que vem surgindo dentro das nossas igrejas, o chamado Neopentecostalismo.

Após 496 anos da reforma protestante muita coisa aconteceu dentro das igrejas frutos da reforma. Muitas divisões aconteceram, diferentes denominações surgiram por algumas divergências doutrinárias, mas toleráveis. Visto que por sermos limitados por nossa natureza pecaminosa, nunca chegaremos a unidade de pensamento, pois enquanto não formos redimidos por completo nunca chegaremos a conhecer a verdade de maneira plena.

Mas da década de 80 para cá, um movimento chamado de Neopentecostalismo vem crescendo significativamente no meio protestante. Esta SEITA (como eu gosto de nomeá-la...) traz ensinamentos que ferem em grande parte o que foi defendido pelos reformadores, levando mais uma vez a igreja a práticas muito parecidas com as que praticava na idade das trevas.

Os líderes desse movimento estão muito preocupados com a influência política da igreja, para satisfazerem seus interesses. Montam grandes impérios com o dinheiro que ganham dos fiéis. Com toda sua influência e oratória formam “crentes” a cada dia mais ignorantes em relação as escrituras, botando-as em segundo plano em seus púlpitos e reuniões.

Deste movimento queria destacar 5 pontos em que se assemelha a igreja católica:

1. As igrejas mais uma vez se tornam mediadoras entre Deus e os homens. Grandes líderes detém o poder de curas, milagres e outros tipos de poderes sobrenaturais. E as pessoas que quiserem ter acesso a esses benefícios tem de procurá-los.

2. Com o surgimento de novos “apóstolos”, vem novas revelações diretamente de Deus para esses homens. Que muitas vezes vão de encontro as escrituras sagradas.

3. Esses grandes apóstolos funcionam como os donos da verdade. O que é dito por eles é lei. Não se pode contestá-los pois são “ungidos do Senhor”. E quem vai de encontro a suas ideias são chamados de inimigos da fé. Alguns chegam a amaldiçoar seus perseguidores. (Qualquer semelhança com o papado não é mera coincidência).

4. As indulgências voltam, mas disfarçadas de ofertas, “dízimos”, objetos abençoados e etc. Todas essas coisas são vendidas aos fiéis com a promessa de alcançarem o favor de Deus.

5. Diminuem a figura de Cristo a ponto de colocar em dúvida a sua Divindade.

Agora, tomando como base o livro de Hebreus vou apresentar Biblicamente o quanto essas práticas estão equivocadas:

1. Os capítulos 5, 7 e 8 de Hebreus apontam para Cristo como mediador da nova aliança, apontando para ele como sumo-sacerdote da ordem de Melquisedeque. Que diferente dos sacerdotes comuns, não adentou no santo dos santos, mas sim na presença do próprio Deus nos céus. Sendo desta forma o mediador entre Deus e os homens. Somente nEle temos livre acesso a Deus.

2. O capítulo 1 de Hebreus trata de afirmar a revelação messiânica como sendo a última e superior revelação de Deus para nós. Superior as dos anjos e dos profetas. Sendo Cristo a chave hermenêutica para se interpretar toda a bíblia. E que qualquer revelação diferente da de Cristo deve ser descartada.

3. Porque Cristo precisaria de substituto? A igreja católica age como se Jesus tivesse morrido e continuado morto. E sendo assim precisa que alguém cumpra sua função. Mas a Bíblia afirma que Cristo ressuscitou, e que continua comandando sua igreja, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder. E diz noutro lugar: "Tu és sacerdote PARA SEMPRE, segundo a ordem de Melquisedeque". Hebreus 5:6

4. A bíblia nos diz que cristo é nosso advogado junto ao pai. Que nEle temos perdão de pecados. E que devemos nos confessar a Cristo, pois ele está a direita de Deus intercedendo por nós! (Hebreus 5,6 e 7)

5. A carta aos Hebreus nos ensina claramente que o sacrifício de Cristo foi único e suficiente, para nos redimir. Visto que os sacerdotes faziam sacrifícios uma vez ao ano, para redimir os seus pecados e os do povo. Cristo se ofereceu uma única vez por nós. Sendo ele mesmo entregue em sacrifício. O cordeiro puro, imaculado, unigênito de Deus com sua morte nos garante a vida eterna. (Hebreus 9 e 10).


É evidente o quanto foi importante o estudo do livro de Hebreus para se combater os falsos ensinos da Igreja católica da idade das trevas, e daí surgir o protestantismo, trazendo Cristo de volta pro Cristianismo. E ainda hoje ele serve muito bem para nos alertar sobre os ensinos heréticos atuais. Como se pode observar a muitas semelhanças entre as práticas da igreja anterior a reforma e as que estão sendo resgatadas pelo movimento Neopentecostal atual.

Não há nada de novo. A igreja já combateu esses ensinos uma vez. E por meio desse texto venho convocar a igreja para mais uma vez entrar na guerra pela verdade. Não deixemos Cristo e sua obra mais uma vez serem postos de lado dentro de nossas igrejas. Cristo é o DONO DA IGREJA. E tal só existe por que e Ele a edificou!

Para terminar esse texto deixo o alerta que o Autor de Hebreus fez aos Cristãos da época, que estavam querendo descartar Cristo e voltar ao judaísmo. Que serviu muito bem na reforma, e que serve para hoje, onde Cristo não tem lugar dentro de “nossas” igrejas. Deus requer a glória devida ao seu Filho, e todos nós um dia estaremos diante do Deus vivo para lhe prestar contas!

“Quão mais severo castigo, julgam vocês, merece aquele que pisou aos pés o Filho de Deus, que profanou o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado, e insultou o Espírito da graça? Pois conhecemos aquele que disse: "A mim pertence a vingança; eu retribuirei"; e outra vez: "O Senhor julgará o seu povo". Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo!Hebreus 10:29-31



Guilherme Barros

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