sexta-feira, 1 de março de 2013

Redescobrindo o valor da exortação

Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo. Pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado (Hb 3.12-13).

A primeira vez que atentei para os versículos de Hb 3.12-13 foi há algum tempo atrás através de um irmão em Cristo muito querido e muito santo que recitou tal passagem para mim. Ele havia decorado tal trecho porque julgava ser algo importante que deveria anunciar ao próximo e que ele mesmo deveria recitar para si afim de não ser ele mesmo desqualificado. Naquela ocasião fiquei maravilhado ao contemplar a gentileza daquele querido amigo ao me ensinar tais palavras, além de contemplar nelas tão grande princípio para a minha vida. E desde então, às vezes Deus me faz lembrar seu ensino e a relevância dele para a igreja atual.
Essa passagem que lemos traz a solene advertência de jamais haver em qualquer de nós “perverso coração de incredulidade que nos afaste do Deus vivo”. Uma advertência que penso ser de total importância, visto que se afastar do Deus vivo é a maior desgraça que podemos realizar na vida. Fazer isso é caminhar para a morte eterna e sofrer a justa ira de Deus. Todavia, o ensinamento dessa passagem que naquela ocasião me chamou a atenção não foi esse, mas sim o mandamento “exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado”.

Tenho observado com tristeza que perdemos completamente qualquer noção de discipulado e vida comunitária. Os mandamentos recíprocos de amar, cuidar, sujeitar, servir, suportar, etc, não fazem mais parte da nossa vida cotidiana. E destes mandamentos recíprocos temos negligenciado um poderoso instrumento para vencermos o pecado, que é a prática de nos exortarmos mutuamente. E quando falamos em exortação, não me refiro à noção de nossos dias de uma repreensão dura, mas sim do verdadeiro significado da palavra que tem mais a ver com estimular, animar e incentivar. Ao entender isso, fica evidente que aquilo que deveríamos fazer todos os dias era nos preocupar em ajudarmos uns aos outros a vencer o pecado, por meio da pregação mútua e do encorajamento a perseverar na luta pela santidade.

O grande problema é que não fazemos isso. Definitivamente, nem sempre somos caracterizados por sermos uma igreja que conversa sobre o reino dos céus, sobre a vontade de Deus para a nossa vida e sobre os nossos próprios pecados. Às vezes conversamos mais sobre futebol, luta livre, filmes, livros, do que sobre a palavra de Deus. Tenho observado que até mesmo entre os mais estudiosos das Escrituras, isto é, àqueles dedicados ao estudo teológico, nem sempre há exortação mútua. Não porque não conversam sobre a bíblia, mas porque conversam sobre o que lhes dá satisfação intelectual ao invés daquilo que lhes era necessário para crescimento mútuo.

Para ilustrar o que seria exortarmo-nos mutuamente, tomarei a liberdade de contar uma história pessoal. Lembro-me de alguns preciosos momentos que tive nos primeiros anos de minha fé, onde eu nutria com alguns bons amigos o hábito de nos reunirmos para bons momentos de comunhão. Fazíamos isso todo mês, reunindo-nos na casa de um de nós para conversarmos sobre a bíblia, orar e assistir algumas boas pregações de Paul Washer. Frequentemente aquelas reuniões terminavam com bons momentos de confissão, quebrantamento e estímulo para vivermos a vida Cristã. O resultado delas era um inevitável vigor espiritual durante a semana, que nos capacitava para, com alegria, cumprir aquilo a qual nos desafiávamos para cumprir. Hoje, infelizmente, temos mais dificuldades para nos reunir, pois o tempo passou e as responsabilidades nos sobrevieram. Mas ainda assim os frutos permanecem, pois amadurecimento não se perde. Além disso, ainda nos restam aquela boa amizade, muitas conversas edificantes e a certeza de que temos, uns nos outros, uma confiança para a qualquer momento reviver um pouco daqueles dias e pedirmos ajuda nos momentos de dificuldade e fraqueza.

Por fim, quero enfatizar que precisamos resgatar na nossa vida uma visão mais ampla de vida comunitária e viver mais o que descrevi. Nos falta mais comunhão verdadeira, onde o centro é a palavra de Cristo e o objetivo é a glória de Deus por meio da vitória sobre o pecado. Devemos ter momentos preciosos, com amigos chegados, confidentes, para juntos orarmos, lermos as Escrituras contra nós mesmos, confessarmos os nossos pecados e nos quebrantarmos. Assim, Deus nos livrará de sermos endurecidos pelo engano de muitos pecados.


Luiz Augusto Medeiros

Comentários
1 Comentários

1 comentários:

  1. Que exortação preciosa,Deus seja louvado e nos ajude a voltarmos com urgência a essa prática!

    ResponderExcluir