terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Somos Verdadeiros Discípulos?

“Disse, pois, Jesus, aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”   
                                                                                                                                                                     Jo 8:31-32 

   Observando atentamente o discurso do Senhor Jesus nos versos acima, podemos retirar lições importantíssimas para nossas vidas, além de sermos levados a nos questionar se somos verdadeiramente seus discípulos. Para que possamos interpretar de forma fiel o assunto tratado por Ele e compreender o seu objetivo ao usar essas palavras, é interessante observamos o contexto da passagem, a partir de João 8:21 até o verso 30, seguindo abaixo:

Estando na Judeia, Jesus fala aos judeus a respeito da sua morte de forma indireta (v.21), e os líderes daquele povo não compreendem as suas palavras (vs.22-27). Prosseguindo o seu discurso, Jesus deixa claro que os que não crerem nEle morrerão sem perdão dos pecados (v.24). Ele mostra sua dependência do Pai (v.28,29), e ressalta sua deidade quando se intitula de “EU SOU QUEM SOU¹”. Daí em diante, muitos judeus crêem nele (v.30).

A partir de então, entramos nos versos com os quais iniciamos: “Disse, pois, Jesus, aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” Jo 8:31-32Vamos começar a observar os versículos. Note que há uma linha de raciocínio entre eles. Veja no texto que: Junto à fé (“haviam crido”) tem de vir necessariamente a permanência na Palavra e, por conseguinte, o conhecimento da verdade e a liberdade.

Vejamos como seria se Jesus, nesse discurso, tivesse utilizado algumas negativas em suas frases, apenas invertendo o sentido: Se vós NÃO permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente NÃO sois meus discípulos; e NÃO conhecereis a verdade, e a verdade NÃO vos libertará. Perceba que o crucial nesse discurso de Cristo aos que creram Nele é a Permanência na Palavra, ou em outras palavras, a obediência aos seus ensinamentos. O conhecimento da verdade e a liberdade vêm atrelados a ela. É imprescindível, portanto, que um cristão evidencie essa obediência, visto que ela é intimamente associada à fé genuína, caso contrário, há fortes riscos de o mesmo não ter sido regenerado pelo Espírito Santo, de não ser verdadeiramente discípulo de Cristo, de não ser um verdadeiro cristão. Tenhamos cuidado! Vigiemos!

 A verdade exposta pelo nosso Mestre é que só são discípulos os que permanecem na Palavra. Mas como isso se dá? É possível permanecer na Palavra? A resposta é dura, mas ao mesmo tempo traz conforto aos nossos corações: Para o ser humano é irrevogavelmente impossível. Não podemos viver em obediência à Palavra por nossas próprias forças. Nós só podemos hoje viver como cristãos verdadeiros por causa daquilo que Jesus Cristo fez por nós.

Em 1 Jo 2:3-6, o autor deixa essa verdade ainda mais clara para nós. Veja: “E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele. Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou.

 Difícil mesmo para nós é andar como Cristo andou. Todos os dias nos deparamos com situações que nos impulsionam a desobedecer à Palavra, e trava-se uma luta entre o que é abominável e o que é amável aos olhos de Deus. Caímos muitas vezes, mas não podemos desanimar. O fato é que permanecer no erro é caminho de morte. O caminho da vida é estreito, mas não estamos sós, como vemos em 1 Jo 2:1,2: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.”

Joel Beek, na Conferêcia Fiel 2012, palestrou a respeito da segurança da salvação, ou como vimos, sobre a segurança de sermos verdadeiros discípulos de Cristo. Ele disse: O problema é que muitos recebem a Jesus somente como um salvador, porque amam não ir para o inferno ou como um protetor, pois amam a sentir-se seguros, mas não o recebem como Ele realmente é: um Salvador totalmente belo que me salva de todos os meus pecados e que também é o Senhor e o Tesouro supremo de toda a minha vida. Essa é a diferença entre a segurança falsa e verdadeira. Na segurança falsa, a pessoa quer que Jesus o ajude de toda forma, mas a pessoa não deseja mudar – quer tanto Jesus como o mundo. Contudo, a fé verdadeira almeja por mudança; deseja receber a Cristo como Ele realmente é,  tomar sua cruz e segui-lo.

Ter segurança da salvação nos impulsiona a permanecer na Palavra. E permanecer na Palavra é negar a própria vontade, obedecer as instruções de Deus, buscar santidade. É ser moldado pelo caráter divino, é não ter a vida como preciosa, é considerar os desejos desse mundo como abrolho quando comparados ao desejo de agradar ao Pai. Permanecer na Palavra é ter um coração grato pelo sacrifício de Cristo, pela abundante graça derramada,  sabedores de que nada podemos, nada somos e nada temos sem Cristo. Permanecer na Palavra é, portanto,  uma evidência notável de um cristão que teme a Deus e coloca toda a sua esperança Nele e em nada mais.
         
  Apesar de toda nossa fragilidade, de nossas inúmeras falhas, esta é nossa segurança: “Precisamos ter em mente que Deus não perde nenhum daqueles que Ele escolheu, comprou e chamou (Jo 6:39). Ele os preserva e leva seguramente cada um deles ao céu. Ele realiza isso assegurando que cada cristão verdadeiro persevere no caminho de Cristo e continue na fé até o fim. A maravilhosa verdade é que nenhum cristão verdadeiro jamais será perdido”.² Perseveremos em obediência, permaneçamos na Palavra, vivamos como verdadeiros discípulos!

Que Deus continue abençoando sua vida!
                                                             
Letícia Lima

Leitura recomendada: “E quem disse que seria fácil?”. Segue o link: http://ump-da-quarta.blogspot.com.br/2012/11/e-quem-disse-que-seria-facil.html

¹  “EU SOU QUEM SOU” nome que Deus usou sobre si mesmo no Velho Testamento quando falou com Moisés (Êx. 3:14-15). Jesus usa o nome divino “EU SOU QUEM SOU” (Jo 8:24,28; 13:19) para falar sobre si mesmo no Novo Testamento. Cristo diz, em outras palavras, que Ele e o Pai são um, que Ele é Deus (Jo 5:18; 10:30,33; 14:7-11).
²  Benton,  John; Peet, John. As Doutrinas da Graça. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. P.89

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