terça-feira, 3 de julho de 2012

Soberania e Responsabilidade: Algumas reflexões

E aconteceu que, apertando-o a multidão, para ouvir a palavra de Deus, estava ele junto ao lago de Genesaré;
E viu estar dois barcos junto à praia do lago; e os pescadores, havendo descido deles, estavam lavando as redes.
E, entrando num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; e, assentando-se, ensinava do barco a multidão.
E, quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar.
E, respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede.
E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede.
E fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para que os fossem ajudar. E foram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase iam a pique.
E vendo isto Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, ausenta-te de mim, que sou um homem pecador.
Pois que o espanto se apoderara dele, e de todos os que com ele estavam, por causa da pesca de peixe que haviam feito.
E, de igual modo, também de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. E disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante serás pescador de homens.
E, levando os barcos para terra, deixaram tudo, e o seguiram. 

Lucas 5:1-11

                Estudando a bíblia, encontramos a existência um paradoxo que é muito pertinente em nossa época pós-moderna. Chegando quase a constituir um oximoro, a soberania de Deus e a responsabilidade do homem. A própria bíblia contém diversas passagens em que se vê o agir soberano de Deus na vida dos homens, um exemplo que me chama muito a atenção se passa no Egito, narrado no livro de Êxodo, quando Deus fala para Moisés que endureceu o coração de Faraó para que os sinais os Seus sinais no meio daquele povo (Êxodo 10:1).
                O texto de Lucas 5, é também um exemplo da soberania de Deus, executada através de Cristo, mas que também contém a responsabilidade humana. A pesca descrita sem dúvida miraculosa, mas sem a presença de Jesus a pesca era possível? Ou ainda, será que era necessária a ação do homem e de seus instrumentos? Será que os instrumentos sem Cristo não tinha eficácia?
                Após uma jornada pelas sinagogas da Galiléia, Jesus chega ao Lago de Genesaré (também conhecido como o Mar da Galiléia [1]) se depara com uma situação em que precisa utilizar o barco dos pescadores que ali estavam para melhor falar ao povo que o seguia, após isto, Jesus pede para Simão (Pedro) lançar as suas redes ao mar. Nesse momento Pedro afirma ter trabalhado toda a noite e certamente ele não era pescador de primeira viagem nem tampouco faltava peixes naquele local, porém mesmo com a adversidade ele certamente conhecia o que Cristo tivera feito em sua região (Lucas cap. 4) e então Simão confiou no que Jesus havia lhe ordenado e segundo o Seu comando, lançou as redes e conseguiu o que durante toda a noite não pode, pois as redes rompiam-se em virtude da quantidade de peixes pescados. Em um dos seus sermões , Spurgeon  diz que “a presença de Cristo confere êxito” , ora o êxito não estava em Pedro ou na rua rede, ou ainda na sua disposição em obedecer à voz de Cristo, mas sim no próprio Cristo. Se não fosse assim, durante a madrugada daquele dia, certamente ele conseguiria seu objetivo de pescar.
                O pescar milagroso não dependeu dos pescadores, nem dos barcos que quase vieram a pique, nem seus aparelhamentos (redes, cordas etc.), mas tudo foi usado. Nada nem ninguém além de Cristo garantiu o sucesso da empreitada no Mar da Galiléia, mas foi necessário que Pedro e os demais agissem. Ainda segundo Spurgeon [2]:

“para salvar almas, Deus opera através de meios e, ainda que o regime da graça permaneça, Deus se agradará com a loucura da pregação para salvar os que crêem. Quando Deus opera sem instrumentos, sem dúvida, Ele é glorificado; mas Ele mesmo escolheu a instrumentalidade como meio para ser ainda mais engrandecido na terra. Os meios em si mesmos são totalmente inúteis.
               
                Não há dúvidas de que Jesus Cristo poderia sem o auxilio de qualquer instrumento e sem o auxilio de ninguém poderia tanto falar a multidão de forma que ela claramente ouvisse quanto poderia, pelo seu poder, fazer com que os peixes um a um saltassem à beira do mar, porém Ele não agiu assim. Aliás Cristo em momento nenhum quebrou leis físicas (saltar no alto de um monte quando Satanás tentava  o impelir a isto, por exemplo) em detrimento a seu corpo humano, mesmo sendo o próprio Deus.
Indo ainda além no sentido da evangelização, a vida diária com Cristo, nós cristãos temos grandes responsabilidades , muito embora sejam interiormente à nós ações da vontade soberana de Deus. Glorificar a Deus nos estudos, no vida profissional, no transito, na padaria, ou seja, dar testemunho de vida de uma forma geral. E não menos importante: orar, ler e estudar a Palavra são responsabilidades humanas inquestionáveis, de forma que se as negarmos estaremos negligenciando deliberações do próprio Cristo. O próprio Pedro em sua segunda carta, no capítulo 3, mostra a importância de buscarmos ser imaculados e irrepreensíveis no tocante as orientações dos profetas e dos apóstolos.
Do ponto de vista cristão, querer não é necessariamente poder, de sorte que sem Deus, não posso querer fazer deliberadamente isso ou aquilo que desejo, porém segundo o poder de Deus posso executar o seu querer. Contudo, querendo ou não a vontade dEle será realizada!

Soli Deo Gloria

[1] Nota da Bíblia Diário Vivir (ESP), retirado do software e-sword
[2 ] Sermões devocionais de C. H. Spurgeon. Retirado do site www.monergismo.com .  


Felipe Medeiros

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