quinta-feira, 16 de junho de 2011

O SILÊNCIO E A VIAGEM

Olá. Por motivos de trabalho não postei ontem. Excepcionalmente esta semana, a umpdaquarta será da quinta. E escolhi um texto sobre contemplação e reflexão, algo que precisa ser valorizado por nós. Minhas sinceras escusas e o desejo de que Deus abençoe a todos através da leitura.

Cicero

O SILÊNCIO E A VIAGEM


             Por que será que o silêncio, algo tão sublime, é tão pouco valorizado por nós? Por que sensações tão sublimes, experiências de contemplação, de “desligamento” da rotina massacrante de tantos compromissos, reuniões, obrigações, isto é, de muito barulho, não têm a devida relevância em nossa agenda?
            Um dos fatores responsáveis por isso é a falta de consciência dessa necessidade. A violência do ativismo já se arraigou de tal maneira em nosso dia-a-dia, entranhou-se em nosso viver e nos faz achar tudo normal e pensar que parar para refletir, meditar, ou simplesmente contemplar é perda de tempo e nos roubará momentos preciosos de produtividade. Nesse caso, agimos como um dependente. Ou seja, enquanto não admitirmos que algo está errado, nenhuma atitude de mudança será levada adiante. Como o alerta deve vir de fora, faz-se necessário nosso silêncio para que possamos entender. Afinal, alguém certa vez falou: “aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça”.
            Outra razão pela qual não nos importamos em buscar parar, calar, observar é a educação recebida pela maioria de nós. Fomos instruídos, seja na família ou na escola, a sempre falar, fazer, não perder as oportunidades, fazer o máximo possível, ou seja, aparecer. Como devemos estar sempre em exposição, não sobra tempo para praticar o silêncio, exercitar o ouvir. Li certa vez que temos dois ouvidos e uma boca para ouvirmos mais e falarmos menos. Porém, contrariando a lógica matemática, sempre fomos mais dados a falar que ouvir. Pobres de nós, pois ao não entendermos que: “na multidão de conselhos há sabedoria”, estribamo-nos em nosso próprio entendimento, trazendo apenas tristeza, desalento e  a horrível sensação de não termos feito absolutamente nada, e toda correria foi vã e sem frutos. Olhando a trás, vemos grandes lacunas na nossa vida, e pensamos como pode haver tantos espaços em branco tendo sido meu tempo todo preenchido? Como um vento impetuoso, a resposta salta aos nossos olhos, coração e mente: todos esses espaços em branco deveriam ser preenchidos pelo TEMPO DE CALAR.
            Enfim, outro motivo responsável por nossa fuga do silêncio é que, inevitavelmente, ele nos proporciona a mais fantástica viagem que podemos fazer. A viagem para dentro de nós mesmos. Lugar onde não há máscaras, sem esconderijos e de onde não é possível fugir. Visitamos muito pouco esse lugar, pois é aí onde encontramos nossos medos, receios, temores, traumas, conceitos e preconceitos. É uma viagem por vezes dolorosa, nem sempre reconfortante, mas necessária. É nesse encontro com todos esse males interiores a nos assolar que podemos observar as belas paisagens que podemos cultivar dentro de nós. Isto porque, mesmo nos encontrando com nossos inimigos interiores, o silêncio também nos proporciona um encontro maravilhoso, com alguém que está em secreto, nos vê em secreto e nos recompensará. Apenas entre no silêncio, e deixe que as palavras se digam.

 Presb. Cicero da Silva Pereira

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1 Comentários

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  1. Em dias de tanto baraulho nossa alma sofre quando nos afastamos muito do silêncio tão necessário: O momento de falar com Deus sem usar palavras.

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